Osteossíntese de úmero em tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla): Relato de caso

  • Autor
  • Ana de Assis Andrade Crincoli
  • Co-autores
  • Delcio Almeida Magalhães , Beatriz Caroline Cabral Ibelli , Isabella Abreu Castro , Laura Castro Silva , Tamila Belchor de Araújo Alves , Isabella Vasconcelos Montes de Toledo , Márcio de Barros Bandarra
  • Resumo
  • RESUMO: A osteossíntese é um procedimento cirúrgico ortopédico que visa a fixação de fraturas ósseas e sua estabilização. O conhecimento da região anatômica que será submetida a uma intervenção cirúrgica é essencial para o sucesso dos procedimentos, dessa forma os tamanduás-bandeira (Myrmecophaga tridactyla), assim como outras espécies silvestres, possuem diferenças anatômicas importantes a serem estudadas em um planejamento cirúrgico e a necessidade de retorno rápido de funcionalidade já que utilizam as garras do membro torácico para defesa e alimentação. Além disso, tem sido recorrente a aparição desses animais para atendimento por causas como a perda de habitat causada por incêndios, conversão de terras agricultura, desmatamento e aumento de rodovias. O objetivo deste trabalho é relatar uma osteossíntese de úmero em tamanduá-bandeira. Foi encaminhada para atendimento em Uberlândia-MG, uma fêmea de 18 kg, após ser encontrada em rodovia sob suspeita de atropelamento. Na triagem, após contenção química, foi avaliado que haviam diversos pontos de trauma, sendo uma fratura de pelve resultando em uma instabilidade da articulação coxofemoral e uma luxação tibiotársica ipsilateral além de uma fratura de úmero, sendo feita a imobilização de membro pélvico e membro torácico. A paciente não apresentou alterações em exames laboratoriais e teve a fratura oblíqua em diáfise média de úmero confirmada por exame radiográfico, ela então foi mantida sob analgesia e anti-inflamatório até procedimento cirúrgico. Para a cirurgia, a paciente foi submetida à anestesia geral multimodal com bloqueio de neuroeixo. O acesso cirúrgico foi cranial, por meio de divulsão entre a cabeça longa e curta do bíceps braquial, a fratura foi reduzida e estabilizada com colocação de placa do sistema 3,5 mm com três parafusos proximais (um cortical e dois bloqueados) e três distais (um cortical e dois bloqueados) e devido à tortuosidade e a particularidade dos acidentes ósseos a placa ficou fixada em diagonal. No pós-operatório o paciente apoiou o membro operado de imediato. As espécies de tamanduá-bandeira apresentam um grande, robusto e bem desenvolvido agrupamento muscular ao redor do úmero dificultando o acesso cirúrgico, sendo assim é possível ter uma melhor visualização da diáfise umeral realizando um acesso cranial pela face medial. Neste relato, essa foi a abordagem utilizada considerando a necessidade de uma fixação forte o suficiente para proporcionar estabilidade ao paciente, uma vez que que nesta técnica é necessária uma grande divulsão muscular, tendo a possibilidade de contraturas. E, devido a isso,optou-se pela placa bloqueada e parafusos (LCP) devido à robustez do membro torácico e a necessidade que o implante que deixasse o membro do paciente funcional novamente, e esta técnica se mostrou efetiva para a exigência de suporte do peso do animal, sendo capaz de se apoiar pouco tempo após o procedimento. A paciente veio a óbito antes da retirada do implante, devido uma gastroenterite grave, não tendo nenhuma complicação devido ao procedimento cirúrgico. Sendo assim, o acesso cranial pela face medial do úmero tornou os processos cirúrgicos mais precisos para o implante da LCP, deixando a fratura mais estável e a osteossíntese bem sucedida.

  • Palavras-chave
  • Ortopedia, Placas bloqueada, Xenarthra
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